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Lusomundo, 07 de Dezembro 01 |
AFEGANISTÃO
Governo transitório será equivalente aos talibã, dizem mulheres afegãs
Uma responsável da associação de mulheres afegãs, a RAWA, diz que o novo governo do país não será melhor para as mulheres afegãs que o regime talibã. Mariam Rawi, em Tóquio, disse que «no melhor, a situação será a mesma que entre 1992 e 1996».
Uma responsável da Associação Revolucionária de Mulheres do Afeganistão, a RAWA, afirma que o novo governo transitório para o país, saído da Conferência de Bona, não será melhor que o regime talibã para as mulheres.
Mariam Rawi, em Tóquio, disse que na melhor hipótese, «a situação será a mesma para as mulheres que era entre 1992 e 1996»
«Não teremos mudanças positivas. Não devem acreditar nas informações que vêm do Afeganistão», sublinhou.
Aliança do Norte mantém agressões e «burkas»
«A realidade não mudou. Estamos em campos de refugiados no Afeganistão e ainda ontem nos disseram que a Aliança do Norte cortou orelhas a dez homens que tinham feito a barba. As mulheres foram espancadas porque não envergavam a 'burka'», continuou.
No período entre 1992 e 1996, Cabul esteve nas mãos de facções tadjiques, uzbeques e hazaras (xiitas). Estas facções disputaram o poder na cidade e destruíram cerca de 90 por cento da cidade.
Negociações influenciadas por fundamentalistas
A convite de pessoas próximas do antigo rei Zaher Shah, uma delegada da RAWA participou na Conferência Inter-Afegã, em Bona, mas a responsável da associação considera que «os fundamentalistas tiveram muita influência nas discussões. Os afegãos estavam, em maioria, a favor do rei, mas acima de tudo era necessário evitar que os fundamentalistas chegassem ao poder», afirmou.
A associação é constituída por cerca de duas mil mulheres, a maioria vive no Afeganistão. A RAWA é simultaneamente uma associação política militante que luta pela democracia e pelos direitos das mulheres e uma organização não- lucrativa que gere orfanatos e enfermarias, dá cursos de alfabetização e ensina artesanato.
Mariam Rawi (na foto) usou um pseudónimo e escondeu a cara dos fotógrafos por motivos de segurança.
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Lusomundo, 20 de Março 02 |
AFEGANISTÃO
Mulheres estão pior que antes
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Shala Azad, membro da organização RAWA, que trabalha no Afeganistão na defesa dos direitos das mulheres afirmou que a situação das mulheres naquele país é «pior agora que antes da guerra». |
A situação das mulheres no Afeganistão é «pior agora que antes da guerra», afirmou Shala Azad, membro da organização RAWA, que trabalha naquele país na defesa dos direitos das mulheres.
Azad, que se encontra em Espanha com o objectivo de conseguir apoio da comunidade internacional para a sua causa declarou que «a chegada do novo governo a Cabul não trouxe consigo mudanças significativas porque as mulheres continuam a ser as mais desfavorecidas».
«Os homens já não têm barba e algumas mulheres colocaram de lado as burkas. No entanto, continuam a ser cometidos os mesmos crimes contra as mulheres que também sofrem uma grande pressão militar», referiu Shala Azad.
«Quando as escolas e os hospitais reabrirem não sabemos como a sociedade irá reagir, devido ao seu carácter machista, perante a presença das mulheres», alertou.
As actividades da RAWA continuam a ser ilegais, a alfabetização e a saúde são prestadas às mulheres de forma clandestina, apesar das mudanças políticas no Afeganistão.